segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Armazém do Limoeiro


Fundado em 1907 e funcionando até os dias de hoje, o Armazém do Limoeiro é uma típica venda interiorana, que difere das tantas outras ainda existentes em nosso meio rural por conta de seu empenho em preservar e divulgar a tradicional cultura caipira.
Localizado na zona rural entre os municípios de Indaiatuba e Itu o Armazém nasceu na época em que ali existiam grandes fazendas de café. Assistiu a chegada dos imigrantes, na maior parte italianos, contratados para trabalhar na lavoura cafeeira, e era o ponto de encontro desses colonos, que lá podiam conversar entre amigos. Também no armazém compravam os suprimentos para suas famílias, marcando as despesas na caderneta, sendo as contas acertadas ao final do mês ou até na colheita da safra.
Nos disse o atual proprietário, neto do fundador: "Éramos o Carrefour da época". Contou-nos ainda que no dia do pagamento o Armazém colocava um carro-de-boi para percorrer as fazendas vizinhas, oferecendo transporte aos fregueses que lá vinham comprar.
Hoje, não funciona mais como um mini mercado, mas sim como um Bar com apresentações de música regional ao vivo.
Presenciei lá moda-de-viola, com um grupo que portava a Bandeira do Divino, manifestação cultural muito paulista e caipira, e também um imperdível desafio de uma dupla de Cururueiros.
O Cururu é uma forma de desafio em improviso, semelhante aos desafios nordestinos, mas com ritmo próprio e com trechos de versos mais longos. É muito divertido poder ouvir as provocações entre os poetas populares que se apresentam, nas quais se pode presenciar a malícia do caipira. O show arranca risos da platéia.
Presenciei também uma cena que emocionou, uma família de origem daquele local, mas hoje residente na capital, e que foi visitar o armazém, localizou nas cadernetas de contas dos fregueses, preservadas pelos proprietários, contas de seu avô, da década de 1930. Pai, mãe e filhos ficaram comovidos por ver aquele documento, testemunha de parte da história daquela família.      
Ficam nossos agradecimentos à hospitalidade com que nos receberam o pessoal do armazém e também nossos parabéns por sua iniciativa de preservar e divulgar a cultura popular do Estado de São Paulo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Yemanjá em Santos-SP


Este ensaio foi realizado em 8 de fevereiro, dia de Yemanjá, na cidade de Santos. A crença na Rainha das Águas transcende o caráter religioso, está amalgamada na cultura popular dos paulistas do litoral, o povo caiçara, que tem forte influência da cultura negra em sua formação.
Pela manhã a população se concentrou na Ponta da Praia onde se apresentou um grupo de Maracatú mantido pela Prefeitura local.
Estavam presentes os principais representantes do Candomblé da Baixada Santista e litoral sul paulista. Após as apresentações, a imagem de Yemanjá foi levada num andor em procissão pela avenida da praia até o Pier. De lá a procissão seguiu por mar, sendo Yemanjá levada no barco principal, onde estava acompanhada pelos Pais de Santo e Babalorixás, sendo seguido por diversos outros barcos com religiosos e populares.
Ao passar em frente ao Forte, a procissão marítima foi saudada com fogos de artifício.
Importante relatar que em alto mar os fiéis atiraram oferendas na água, entretanto demonstraram preocupação com a conservação da natureza, pois apenas eram permitidas oferendas que se degradam rapidamente no mar, com flores e perfumes (somente o líquido, sem frascos ou vidros).
É a consciência ecológica chegando às nossas manifestações populares.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Choro Paulista


Há cerca de quarenta anos, se encontram os chorões nos fundos da loja de instrumentos musicais Contemporânea, na rua General Osório, 46 - Bairro Santa Ifigênia - São Paulo-SP.
Por esse endereço passaram algumas gerações de músicos, muitos deles se iniciaram no Choro nas manhãs e tardes de domingo em que ocorrem essas reuniões na Contemporânea.
Durante a apresentação, que sempre conta com a presença de fiel público ouvinte, o grupo, além de tocar choros instrumentais, abre espaço para a apresentação de cantores amadores, tanto de choros como de sambas tradicionais.
Os músicos, no decorrer do encontro, se revezam, dando espaço para que todos os presentes possam tocar um pouco seus instrumentos. Sempre estão presentes o violão, violão 7 cordas, cavaquinho, bandolim e pandeiro e outros instrumentos de percussão.
Recomendo a todos uma visita a este espetáculo que facilmente emociona aos presentes.